Se me vem tanta glória só de olhar-te, ƒÉ pena desigual deixar de ver-te; Se presumo com obras merecer-te, Grão paga de um engano é desejar-te.
Se aspiro por quem és a celebrar-te, Sei certo por quem sou que hei-de ofender-te; Se mal me quero a mim por bem querer-te, Que prémio querer posso mais que amar-te?
Porque um tão raro amor não me socorre?
Ó humano tesouro! Ó doce glória! Ditoso quem à morte por ti corre!
Sempre escrita estarás nesta memória; E esta alma viverá, pois por ti morre, Porque ao fim da batalha é a vitória.
Luís de Camões
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