Sinopse: Mia vivia uma vida feliz e normal com sua família e seu namorado na Alemanha dos anos 30. Fiel às suas crenças, propagava os ensinamentos de sua religião com prazer e devoção. Até que a chegada de Hitler ao poder pôs em xeque toda a sua vida e a vida dos membros de sua família.
Ameaçada por uma propagação nazista cada vez mais explícita, Mia via seus templos serem destruídos e sua religião ser perseguida cada vez mais. Proibida de demonstrar atos públicos de fé, ela, a família e o namorado começam então a exercer sua religião de forma velada. No entanto, a estratégia não funciona por muito tempo.
Mia então vê uma série de acontecimentos inesperados e dilacerantes tomar conta de sua vida. Terá que lidar com a morte, com a solidão, com a perseguição e a tristeza assoladora de uma alma angustiada. Sua fé será capaz de mantê-la de cabeça erguida diante de tantas atrocidades cometidas pelo regime nazista e pela constante ameaça do pior, que parece cada vez mais perto?
Capítulo 01 - Amor
De todas as memórias, os dias mais lindos foram ao lado do meu primeiro namorado e noivo Vagner. Estávamos sempre juntos compartilhando nossas crenças e ideais. Defendemos nosso amor e a nossa fé independentemente do que precisamos enfrentar.
O Vagner também gostava muito de tocar piano. Admirávamos a música clássica. Meus compositores favoritos eram Ludwig van Beethoven e Johann Sebastian Bach. Passamos tardes tocando, algumas vezes até arriscando composições. A música é mesmo uma arte inspiradora e tem o poder de fortalecer as boas lembranças e o amor que existe em nosso coração.
***
Tivemos um pouco de paz até as coisas piorarem, e as coisas pioraram mesmo a partir do ano de 1939, logo após o início da Segunda Guerra Mundial. Naquele dia, meu irmão mais novo, Charles, chegou machucado da escola. Foi difícil compreender por que aquilo estava acontecendo.
Nunca me esqueço do meu quarto que ficava no sótão da casa. Era o meu refúgio, o lugar onde me perguntei tantas vezes porque os seres humanos eram maus assim. Depois que Adolf Hitler se tornou presidente, tudo havia mudado para sempre. Aos poucos, perdíamos nossa liberdade de culto e de crença. As Testemunhas de Jeová eram um grupo pequeno na Alemanha, mas ainda assim significativo.
— Mia, Mia! – meu irmãozinho Charles entrou em casa correndo, chamando por mim, com tom de voz amedrontado.
— Charles, o que aconteceu? Você está todo machucado! Quem fez isso com você? – perguntei assustada, sentindo piedade do meu pobre irmãozinho.
— Eles me bateram! Eles me bateram! – Chorou desesperado.
Todos os dias, quando as crianças iam para a escola, tínhamos que pensar o que teríamos que enfrentar naqueles momentos de angústia. Éramos fortes, mas a dor muito real. Como não fazíamos saudações à bandeira do país nem dizíamos “Heil Hitler”, agindo diferentemente das outras pessoas, sofremos as consequências. Sofremos agressões físicas. Por esse motivo o pequeno Charles havia sido agredido na escola: ele não havia feito a saudação a Hitler. De imediato, chorei muito ao ver meu irmãozinho padecendo daquela maneira tão cruel e estúpida.
— Mia, o professor parecia um demônio. Ele me disse gritando que eu deveria fazer a saudação a Hitler, repetiu várias vezes “Heil Hitler” e me bateu, me bateu muito. Não quero mais ir à escola – Charles me disse enquanto me abraçava.
Há pouco eu havia completado dezoito anos, já havia terminado meus estudos. Por pouco não tive que enfrentar essa situação dentro da sala de aula por mais tempo. Minha estratégia era sempre chegar atrasada, depois da saudação. Nunca dissemos “Heil Hitler”, porque isso significa “a salvação vem de Hitler”, e nós acreditamos que a salvação vem por meio de Jesus Cristo.
***
Diante de todas as minhas crenças e de todos os fatos corridos na época, eu tinha certeza de que o mundo estava sob a influência e domínio do mal. Eu estava lá, eu vi quando as sinagogas foram incendiadas, presenciei a triste cena de milhares de livros sendo queimados apenas pelo fato de terem sido escritos por judeus ou por pessoas contrárias aos ideais do Partido Nazista.
Os alemães pareciam cegos, completamente hipnotizados por uma ideologia injusta e que certamente levaria a humanidade ao caos e à destruição.
Aquele era o começo do que na verdade sempre existiu no coração dos seres humanos: o desejo incontrolável de ser superior, de ser o melhor, de estar acima de tudo e de todos, de ter o poder.
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