Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que navida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou acrucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
Eque nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
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